Na terra do gênio -
Disponível em:http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2010/02/606444-na+terra+do+genio.html Acesso em 27/02/2010
A exposição "A Beleza na Escultura de Michelangelo" que Vitória vai receber a partir do dia 10 de março, no Palácio Anchieta, será um marco no circuito artístico da cidade. Isso porque, além do fato de tratar-se de Michelangelo Buonarroti - um dos maiores gênios da arte e nome fundamental do Renascimento -, a mostra vai trazer ao Brasil, pela primeira vez, seis desenhos originais do mestre e que, há pelo menos dois anos, não saem de uma gaveta lacrada em uma sala escura e protegida. Essa exibição deve atrair o olhar de curiosos, críticos, artistas e estudantes de todo o país.
Os desenhos são pequenos (o maior tem 20cm de largura), mas têm valor artístico incalculável. Datam de 1534 e foram feitos à pena. "Encontrar desenhos de Michelangelo é algo muito raro. Eles não ficam rodando o mundo em exposições porque são muito delicados, não podem ficar expostos à luz direta", explica a curadora da exposição, Patrizia Pietrogrande.
Além disso, como artista, Michelangelo não tinha o hábito de guardar seus rascunhos - tanto que, durante a carreira, promoveu algumas queimas (para ele, eram rabiscos) ou doações para amigos (alguns desenhos ganharam vida em obras de outros artistas).
Por isso mesmo, o esquema para retirá-los da Casa Buonarroti, em Florença, e levá-los para Vitória é cinematográfico: viagem escoltada, mala especial para os desenhos que vão dentro do avião, com direito a assento especial em classe executiva e seguro total, além de uma série de exigências para o local de exibição.
Adaptação
As regras são tão rígidas que o arquiteto italiano Marco Sorito teve que fazer adaptações na planta da exposição para preservar os desenhos. "Como o local é mais aberto, a iluminação é maior. Vedaremos as janelas da sala onde ficarão os desenhos e colocaremos uma luz menos direta. No restante da exposição, daremos ênfase à matéria das estátuas. As pessoas serão capturadas pelos detalhes e poderemos enfatizar o estudo das obras. Isso aproxima mais o público", garante Sorito.
Todas essas mudanças valerão a pena, porque estar frente a frente com uma obra de Michelangelo é experiência única. Também presidente da Contemporanea Progetti, instituição italiana responsável pela criação e montagem da mostra, Patrizia organizou, com essa intenção, o percurso conceitual que os capixabas poderão conferir. "Estarão organizadas por ordem cronológica, as obras dos precursores, dos contemporâneos e dos seguidores de Michelangelo, para dar a exata noção da importância que esse homem teve para a arte, com sua concepção nova de movimento e arquitetura. Um gênio absoluto que representa Florença", afirma.
Tanto isso é verdade que uma caminhada pela cidade é suficiente para entendermos a dimensão do legado deixado por ele, para a Itália e para a arte como um todo. Na cidade italiana, onde a reportagem de A GAZETA está desde segunda-feira, são diversas as contribuições de Michelangelo espalhadas por áreas públicas ou dentro de igrejas, galerias e museus, como a Capela Medici, a Galeria Uffizi e o Museu Nacional de Bargello, todos lugares sempre muito procurados e fotografados. Visitar uma peça original de Michelangelo por aqui é disputar espaço com turistas do mundo.
Destaques
Entre as produções mais famosas em Florença estão "Batalha de Centauros" e "Madonna da Escada" (ambos na Casa Buonarroti, uma espécie de museu da família de Michelangelo); "Tondo Pitti", "Apolo/Davi" e o "Busto de Brutus" (os três no Museu Nacional de Bargello). Todas estarão em Vitória, em réplicas de gesso feitas a partir dos moldes originais, utilizando uma técnica específica, pela Gipsoteca Instituto Nacional de Arte. Na exposição, os visitantes poderão saber mais detalhadamente como são confeccionadas as esculturas através de um vídeo).
Os trabalhos dos outros artistas que estão contemplados na exposição também passaram por este processo. "A Gipsoteca é um laboratório artesanal onde se realiza a produção de, principalmente, obras do Renascimento. A ideia era fazer uma mostra dedicada à cultura italiana", acrescenta Francesca Sborgi, responsável pelo desenvolvimento da exposição.
Os detalhes de cada peça, sob o olhar de um fotógrafo de arte, completam o conteúdo da mostra. Serão gigantografias produzidas a partir do recorte feito por Aurelio Amendola, fotografo de Pistoia, cidade viznha de Florença, que especializou-se na obra de Michelangelo. "A mostra tem um percurso didático sobre a obra e a produção de algo particular que existe em Florença. Pretende fazer com que as pessoas descubram como era o antes e o depois de Michelangelo, seu estilo único de tirar alma do mármore", explica Patrizia. "Para mim, ele é um popstar, do ponto de vista cultural, que deve ser celebrado. Quanto mais gente for ver sua obra, se interessar, desenvolver sua própria arte, sentir-se iluminado criativamente por ele, melhor", completa.
Confira Exposição - A Beleza na Escultura de Michelangelo
Onde: Salão Afonso Brás, Palácio Anchieta, Vitória
Quando: de 10 de março a 9 de maio.
Terça a sexta, das 10h às 18h.
Sábado, domingo e feriado, 12h às 18h.
Quanto: Entrada franca
Informações: (27) 3321-3578
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